RELATO DE CASO
Segundo Simão et al. (2018), o artigo científico
demonstra-nos um relato de caso sobre o uso de contraceptivos orais induzindo
trombose periférica. Ao relatar o caso de uma paciente de 19 anos com náuseas,
vômitos e dor abdominal tipo cólica em mesográstico, o artigo mostra-nos manifestações
clínicas clássicas de uma trombose recente de ramos das veias e artérias
mesentéricas. Além desses sintomas, a paciente apresentou-se com febre,
taquicárdica (100 bpm), hipotensa (90x60 mmHg) e relatou ausência de evacuação
por 2 dias.
Inicialmente, a dor emerge de forma intensa,
intermitente e sem fatores de alívio na fossa ilíaca direita e após 1 dia
irradia-se em direção ao flanco direito e mesogástrio até tornar-se uma dor
panabdominal.
A paciente, cuja hereditariedade a predispõe a
tromboses, relata ter ingerido 5 comprimidos anticoncepcionais hormonais orais
1 dia antes do início do quadro de sintomas, o que consequentemente a tornou
ainda mais susceptível a desenvolver o distúrbio circulatório.
Por meio de exames físicos foi possível perceber um
abdome rígido e doloroso à palpação difusa e com o auxílio de uma laparotomia
exploradora evidenciou-se o desenvolvimento de uma necrose de íleo a cerca de
15 centímetros da válvula íleo-cecal, de aproximadamente 1,2 metros de extensão.
Já os exames laboratoriais demonstraram por meio de um hemograma um valor
acentuado de Leucócitos (17,8 x 109) e Fibrinogênio (8,79 g/L) em
relação à normalidade enquanto a quantidade de plaquetas/Litro de sangue, 297 x
109 ,estava dentro da normalidade (150-400 x 109 /L).
Após um mês de permanência hospitalar e
anticoagulação, provavelmente por meio do uso de trombolíticos, controle com
heparina não fracionada seguido de profilaxia com Warfarin, a paciente foi
submetida a uma cirurgia vascular que posteriormente possibilitou a realização
de um exame anatomopatológico no qual se evidenciou um infarto hemorrágico, com
peritonite fibrino-supurativa, trombose recente de ramos das veias e artérias
mesentéricas e deficiência de proteína C.
As causas de uma trombose mesentérica podem ser:
câncer, condições inflamatórias intra-abdominais, pós-operatório, cirrose,
hipertensão portal, além de desordens da coagulação herdadas e adquiridas. Tais
causas atuam no corpo humano agindo de acordo com a Tríade de Virchow, já que
predispõem á formação de trombos por meio de lesão endotelial, estase ou
turbulência do fluxo sanguíneo e hipercoagulobilidade sanguínea ( Simão,2008).
O uso de anticoncepcionais orais é um exemplo de
fator desencadeante de desordens da coagulação adquirida, sendo responsável por
9% a 18% dos episódios de trombose mesentérica em mulheres jovens. Já a
desordem de coagulação herdada caracteriza-se por uma Herança autossômica
dominante, na qual geneticamente há um deficiência na síntese de proteínas
anticoagulantes chamadas proteínas C e S.
De acordo com Simão et al. (2008), a proteína C é
um anticoagulante endógeno, dependente de vitamina K , que é ativada após a ligação de trombina ao receptor
endotelial trombomodulina. A função da proteína C é inibir a coagulação após
clivar os fatores VIIIa e Va. Além disso, tais reações são otimizadas por um
cofator não enzimático chamado proteína S.
A trombofilia familiar foi reconhecida na década de
1980 como consequência dessa diminuição na produção de proteína S e C e segundo
a literatura metade dos pacientes com tal alteração desenvolvem eventos
trombóticos até os 26 anos de idade enquanto 63% apresentam recorrência.
Logo, a partir do momento em que os pacientes
tiveram o diagnóstico de trombose venosa mesentérica, deve-se analisá-los a fim
de verificar se o problema é hereditário ou adquirido, fator V de Leiden e
hemoglubinúria paraxística noturna (Simão ,2008) .
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