quinta-feira, 10 de julho de 2014

CASO CLÍNICO: Uso de Contraceptivos orais e trombose mesentérica

Caso clínico apresentado no dia 22 de maio de 2014.



RELATO DE CASO


Segundo Simão et al. (2018), o artigo científico demonstra-nos um relato de caso sobre o uso de contraceptivos orais induzindo trombose periférica. Ao relatar o caso de uma paciente de 19 anos com náuseas, vômitos e dor abdominal tipo cólica em mesográstico, o artigo mostra-nos manifestações clínicas clássicas de uma trombose recente de ramos das veias e artérias mesentéricas. Além desses sintomas, a paciente apresentou-se com febre, taquicárdica (100 bpm), hipotensa (90x60 mmHg) e relatou ausência de evacuação por 2 dias.
Inicialmente, a dor emerge de forma intensa, intermitente e sem fatores de alívio na fossa ilíaca direita e após 1 dia irradia-se em direção ao flanco direito e mesogástrio até tornar-se uma dor panabdominal.
A paciente, cuja hereditariedade a predispõe a tromboses, relata ter ingerido 5 comprimidos anticoncepcionais hormonais orais 1 dia antes do início do quadro de sintomas, o que consequentemente a tornou ainda mais susceptível a desenvolver o distúrbio circulatório.
Por meio de exames físicos foi possível perceber um abdome rígido e doloroso à palpação difusa e com o auxílio de uma laparotomia exploradora evidenciou-se o desenvolvimento de uma necrose de íleo a cerca de 15 centímetros da válvula íleo-cecal, de aproximadamente 1,2 metros de extensão. Já os exames laboratoriais demonstraram por meio de um hemograma um valor acentuado de Leucócitos (17,8 x 109) e Fibrinogênio (8,79 g/L) em relação à normalidade enquanto a quantidade de plaquetas/Litro de sangue, 297 x 109 ,estava dentro da normalidade (150-400 x 109 /L).
Após um mês de permanência hospitalar e anticoagulação, provavelmente por meio do uso de trombolíticos, controle com heparina não fracionada seguido de profilaxia com Warfarin, a paciente foi submetida a uma cirurgia vascular que posteriormente possibilitou a realização de um exame anatomopatológico no qual se evidenciou um infarto hemorrágico, com peritonite fibrino-supurativa, trombose recente de ramos das veias e artérias mesentéricas e deficiência de proteína C.
As causas de uma trombose mesentérica podem ser: câncer, condições inflamatórias intra-abdominais, pós-operatório, cirrose, hipertensão portal, além de desordens da coagulação herdadas e adquiridas. Tais causas atuam no corpo humano agindo de acordo com a Tríade de Virchow, já que predispõem á formação de trombos por meio de lesão endotelial, estase ou turbulência do fluxo sanguíneo e hipercoagulobilidade sanguínea ( Simão,2008).
O uso de anticoncepcionais orais é um exemplo de fator desencadeante de desordens da coagulação adquirida, sendo responsável por 9% a 18% dos episódios de trombose mesentérica em mulheres jovens. Já a desordem de coagulação herdada caracteriza-se por uma Herança autossômica dominante, na qual geneticamente há um deficiência na síntese de proteínas anticoagulantes chamadas proteínas C e S.
De acordo com Simão et al. (2008), a proteína C é um anticoagulante endógeno, dependente de vitamina K , que é ativada  após a ligação de trombina ao receptor endotelial trombomodulina. A função da proteína C é inibir a coagulação após clivar os fatores VIIIa e Va. Além disso, tais reações são otimizadas por um cofator não enzimático chamado proteína S.
A trombofilia familiar foi reconhecida na década de 1980 como consequência dessa diminuição na produção de proteína S e C e segundo a literatura metade dos pacientes com tal alteração desenvolvem eventos trombóticos até os 26 anos de idade enquanto 63% apresentam recorrência.

Logo, a partir do momento em que os pacientes tiveram o diagnóstico de trombose venosa mesentérica, deve-se analisá-los a fim de verificar se o problema é hereditário ou adquirido, fator V de Leiden e hemoglubinúria paraxística noturna (Simão ,2008) .

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